Entenda o pensamento de Freud sobre a psicanálise
Freud é o inventor da psicanálise, a qual pode ser denominada como uma arte, um ofício, uma ciência que surge da clínica a partir das histéricas. A escuta dessas mulheres com suas conversões o levou à descoberta do inconsciente e, consequentemente, às suas formulações sobre o aparelho psíquico, que é constituído por lugares específicos e por um funcionamento que possui uma economia e uma dinâmica que lhes são próprios.
A psicanálise foi a terceira ferida narcísica da humanidade, porque com a descoberta do inconsciente somos destituídos da nossa prepotência, não temos o controle que gostaríamos sobre nós mesmos. Algo em nós pulsa e não temos como impedir, somos levados a cometer atos falhos, lapsos de linguagem, sonhamos, nos esquecemos daquilo que não gostaríamos e nos lembramos daquilo que não queríamos, e ainda temos lembranças que servem apenas para encobrir o que não suportamos lembrar.
Freud nos ensinou que somos mais do que aquilo que conhecemos. Ele nos mostrou o quanto aquilo que não suportamos em nós ou que foi vivido como excessivo não pode ser elaborado por nós, mas continua exercendo poder sem que saibamos. Essas forças que não controlamos provocam sintomas, sofrimentos e angústias capazes de gerar dificuldades, criar obstáculos, impedir de fruirmos no trabalho, ou seja, de nos apropriarmos de nossa produção e de podermos amar o outro para além de nós mesmos.
Recomendo o filme “Freud Além da Alma” (aclamado clássico do mestre John Huston sobre a vida de Sigmund Freud) àqueles que têm interesse em saber um pouco mais sobre as descobertas de Freud. Essa biografia romanceada apresenta seus casos mais célebres e a história da elaboração da teoria psicanalítica, que procura explicar a constituição psíquica a partir da reconstrução, da vivência e das descobertas de Freud. A trama tem como pano de fundo a cidade de Paris e de Viena, entre os anos de 1885 e 1890